terça-feira, 11 de outubro de 2011

Comentário a Respeito de Nós mesmo

Há um tempo éramos crianças e o futuro era a nossa herança e o que herdamos foi à discórdia e a ganância. Crescemos e como galho de uma arvore fomos cada uma para o seu lado, e como dizia Gonzaguinha "são caminhos como as linhas dessa mão". Nessa busca insensata, acabamos deixando para trás aqueles fins de tarde, os passeios sem ter hora para chegar, o "descompromisso" que nos fazia tão bem. Agora temos que caminhar em linha reta, para não sermos interrompidos, abortados e até mesmo excluídos de um país tão desigual e que apesar de tudo nos orgulhamos de ser brasileiros.
Hoje, só a continuidade daqueles velhos planos é o que nos interessa para continuarmos seguindo, fortes e encantados pelo desejo de vencer.
  Quantos jogos no fim da tarde, quantas aventuras pelo mato adentro, quantos jeitinhos encontramos para não repetir o ano na escola, aqueles corredores ainda continuam por lá, assim como as "paredes riscadas a giz testemunhando que alguém foi feliz” (trecho da música Lembra de mim- Ivan Lins), quantos trotes, quantos rock nós dois cantamos,a história, ou melhor a música da velha que todos os dias na saída da escola cantávamos, lembro do sonho de ser herói e salvar o mundo de um vilão, nossos heróis foram passados para outra geração, aquele sonho de ser craque ficou só mesmo nas peladas, e os rock's em papéis que não encontramos mais.
Agora, você se foi para um lugar distante, desconhecido e perverso; assim como são as cidades grandes, as metrópoles. Antes nos esbarrávamos pelos corredores e esquinas, hoje tentamos transmitir nossa saudade através de fios de micro-fibras, por instrumentos tão avançados quanto o nosso desejo de se encontrar. Lembro daqueles encontros para a perversidade, para caminharmos sem ter hora para chegar, e isso era o que nos fazia ser criança. Nossos pequenos delitos, mas que não fazia mal a ninguém, a não ser a nós mesmos. Era o que nos fazia ser moleques... Moleques que cresceram e que hoje se lançam nas ruas, nas cidades grandes, nas disputas por espaço, e que nessa "competitividade capitalista" às vezes somos forçados a sermos o que nós nunca fomos; desumanos, ambiciosos e solitários. Vejo que é difícil crescer e continuar a ser criança, mas sei que lá no cantinho esquerdo do peito ainda há uma impulsividade, que grita a cada dia que vejo uma criança brincar.