Hoje, dia 27 de julho de 2012. Tenho tido uma péssima semana, dias que
parece não ter mais fim. Acordei, tomei meu café da manhã requentado, comi
pouco. Liguei a televisão pra ver os gols, tomei banho e peguei o ônibus para o
trabalho. Estou completando vinte e sete anos e um mês. Me sinto muito fraco,
um cara que sabe muito bem disfarçar a dor que me dói, uma dor diferente das
que já senti.
Deve há ver alguma coisa que ainda me emocione, alguma coisa que possa me
arrancar um sorriso que não seja esse amargo e frio. A vida nos prega peça que
às vezes é impossível de encenar, difícil de interpretar. Tudo bem, toda novela
tem fim. Na vinda para o trabalho, ouvia uma música dessas imbecis, mas que
naquela hora, ela me fazia muito sentido. Comecei observar nas pessoas o quanto
elas estão perdidas, atordoadas com a nossa situação financeira, a insegurança
que tem tomado conta de todo mundo. Coisas que não nos tem deixados dormi.
Na minha vida perdi poucas coisas, coisa que não me fez tanta falta,
coisas irrelevantes. Mas, não sei o que me acontece hoje. Tenho dormido muito
pouco, me comportado como louco paranóico. Fico horas olhando pro nada,
imaginando o antes e o comparando com o presente. E vejo o quanto às coisas
mudam em pequenas frações de segundos, o quando a vida é frágil. O quanto somos
todos substituíveis e esquecíveis. O pior de tudo é ter coragem de expor aqui
toda essa dor, que ainda está em carne viva. Esse meu coração de lata, não
precisou de tanta força assim, para se abrir e perder todo o seu sangue e enferrujar
meu sorriso amarelo.
Entre todas as coisas ruins, a pior é saber que agora um estranho ocupa o
seu lugar, um lugar que foi sempre seu. Primeiro você é comparado com ele e no
calor do momento ele se torna melhor que você. Se eu pudesse e tivesse uma vara de
condão, desfazia todo o feitiço, começaria de novo. Reparava meus erros, media
as palavras, usaria o meu bom censo, seria outra pessoa. E não um cara
arrogante, fraco e feio que fui todos esses vinte e sete anos.
Me descobri um cara sem fé e sem poder nenhum para mudar nada e nem ninguém. Um cara que tomava a cena de
assalto e ria das piores desgraças, mas e aí o que sobrou desse cara, apenas a
solidão. Apenas um lugar frio e vazio, não tem ninguém aqui. Sem motivação pra
nada, a não ser pra pedir desculpas.
É (!) eu sei, que só um idiota para dizer tudo o que sente aqui, assim.
Mas, ao mesmo tempo decidi dizer, fazer e ser tudo o que eu quiser, pois no fim
de tudo, só no resta à solidão e nessa loucura e vertigem, não teremos nenhum
amigo para dividirmos tudo. No trabalho estão fazendo alguns reparos na
vidraça, há uma voz estranha, um assobio de uma música que não lembro o nome.
Tudo é muito confuso. Hoje, o dia está frio e cinzento e estou escrevendo para
passar o dia, as horas e até quem sabe a minha dor. Cheguei aquele estágio em
que pensamos, vou me mudar; não quero mais ser a mesma pessoa que fui. Vou
desistir, mas foi quando me lembrei da música que o cara assobiava, é uma de
uma das mais novas bandas gaúchas que diz: “Não desista de quem deisitiu, do
amor que move tudo aqui.”.
Por fim, irei enfrentar tudo de cabeça erguida, como se fosse uma criança
que não carrega nas costas nenhum tipo de rancor e desilusão. Vejo que nada faz
sentido, tudo o que dizemos para o outro é apenas força da emoção e da
conquista, e logo tudo passa, tudo volta o que é a vida: amarga e fria.