Estou no
trabalho, acordei tarde e antes de abrir os olhos eu pensei em tudo o que precisava
lembrar. Lembrei-me de nós dois e daquelas tardes na sua casa , dos dias em que
quase enlouquecíamos planejando o futuro. A minha barba já faz parte do meu
rosto e a melancolia está em alta no meu gosto poético. Não quero ser patético,
mas sinto muito a sua falta. É uma coisa incrível! Nós tínhamos o mesmo rosto,
o mesmo gosto, nós éramos uma só pessoa. Você sempre foi o meu refugio, o meu
altar; quando o mundo ameaçava desabar, eu corria pros teus braços e lá ficava
até tudo se acalmar. Você sempre se fez forte, sempre te admirei e talvez eu
nunca tenha dito isto, como também me calei em outras vezes diante das suas
virtudes.
Estou tomando
café, na verdade tenho tomado muito café. A tarde está fria, o ar me deixa
congelado, tenho alguns afazeres, mas decidi voltar a escrever e quem sabe você
até leia, mesmo sem me dá resposta. Sinto falta das pequenas coisas, penso no
que devo mudar em mim enquanto caminho na rua.
Quando acordei, decidi reparar minhas asas e
alçar voo, sair de mim por uns dias, buscar a fuga da realidade e recomeçar.
Não é fácil viver
tudo de novo! Fazer as mesmas coisas, cometer os mesmos erros e viver outras
alegrias. Você me disse que cada romance é algo especial, prefiro ficar com a
idéia de que algo especial só existe uma vez. Você ainda continua sendo
especial, alguém que me arrasou quando partiu. Confesso, nunca acreditei que
minha literatura iria descer tanto ao ponto de ser melancólico e romancista de
mais, sempre adorei o sarcasmo e acidez dos versos dos poetas malditos.
Também confesso
que todo dia faço planos e leio muito, faço planos e tento respirar.
É estranho
perder alguém, é muito difícil acreditar que o tudo agora é quase nada e “que
nada nos protege de uma vida sem sentido”.
Deixa eu te
confessar, comecei ontem a torcer pro seu time. Não tem graça vê-lo perder, se
não tiver você por perto pra te zoar, pra te ver zangada comigo. Sempre gostei
de te tirar do sério. Agora vivo mais sério, mais calado, menos otimista, mas
ainda sou flamenguista.
Ontem senti
muita febre durante a madrugada, a última vez que senti dor de ouvido, foi pra
você que eu liguei e talvez você nem lembre, mas se lembrar obrigado. Nunca
mais ouvi nossas músicas elas estão guardadas em uma pasta do meu computador
que chamei de 28 de Junho, sei que vai entender.
Faltam poucos
minutos pra sair do trabalho. Na volta pra casa me espremo na janela pra ver se
vejo o seu rosto. Mais um dia e tudo se repete: acordo: tomo café da manhã,
almoço na rua e venho para o trabalho. Escrevo e leio muito.
Dizem que um dia
a gente ri muito de tudo o que foi tristeza, eu diria que não. Como diz o poeta
“os ignorantes são mais felizes”.
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