quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Recomeçar nº2


Estou no trabalho, acordei tarde e antes de abrir os olhos eu pensei em tudo o que precisava lembrar. Lembrei-me de nós dois e daquelas tardes na sua casa , dos dias em que quase enlouquecíamos planejando o futuro. A minha barba já faz parte do meu rosto e a melancolia está em alta no meu gosto poético. Não quero ser patético, mas sinto muito a sua falta. É uma coisa incrível! Nós tínhamos o mesmo rosto, o mesmo gosto, nós éramos uma só pessoa. Você sempre foi o meu refugio, o meu altar; quando o mundo ameaçava desabar, eu corria pros teus braços e lá ficava até tudo se acalmar. Você sempre se fez forte, sempre te admirei e talvez eu nunca tenha dito isto, como também me calei em outras vezes diante das suas virtudes.
Estou tomando café, na verdade tenho tomado muito café. A tarde está fria, o ar me deixa congelado, tenho alguns afazeres, mas decidi voltar a escrever e quem sabe você até leia, mesmo sem me dá resposta. Sinto falta das pequenas coisas, penso no que devo mudar em mim enquanto caminho na rua.
Quando acordei, decidi reparar minhas asas e alçar voo, sair de mim por uns dias, buscar a fuga da realidade e recomeçar.
Não é fácil viver tudo de novo! Fazer as mesmas coisas, cometer os mesmos erros e viver outras alegrias. Você me disse que cada romance é algo especial, prefiro ficar com a idéia de que algo especial só existe uma vez. Você ainda continua sendo especial, alguém que me arrasou quando partiu. Confesso, nunca acreditei que minha literatura iria descer tanto ao ponto de ser melancólico e romancista de mais, sempre adorei o sarcasmo e acidez dos versos dos poetas malditos.
Também confesso que todo dia faço planos e leio muito, faço planos e tento respirar.
É estranho perder alguém, é muito difícil acreditar que o tudo agora é quase nada e “que nada nos protege de uma vida sem sentido”.
Deixa eu te confessar, comecei ontem a torcer pro seu time. Não tem graça vê-lo perder, se não tiver você por perto pra te zoar, pra te ver zangada comigo. Sempre gostei de te tirar do sério. Agora vivo mais sério, mais calado, menos otimista, mas ainda sou flamenguista.
Ontem senti muita febre durante a madrugada, a última vez que senti dor de ouvido, foi pra você que eu liguei e talvez você nem lembre, mas se lembrar obrigado. Nunca mais ouvi nossas músicas elas estão guardadas em uma pasta do meu computador que chamei de 28 de Junho, sei que vai entender.
Faltam poucos minutos pra sair do trabalho. Na volta pra casa me espremo na janela pra ver se vejo o seu rosto. Mais um dia e tudo se repete: acordo: tomo café da manhã, almoço na rua e venho para o trabalho. Escrevo e leio muito.
Dizem que um dia a gente ri muito de tudo o que foi tristeza, eu diria que não. Como diz o poeta “os ignorantes são mais felizes”.

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